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Povos do Cerrado

O Cerrado abriga uma diversidade enorme de povos e comunidades tradicionais, que nele vivem há mais de 12 mil anos – muito antes dos europeus pisarem no Brasil. São mais de 80 etnias indígenas – dentre Xavantes, Kraô-Kanela, Tapuias, Guarani Kaiowá, Terena, Xacriabas, Apinajé -, pescadores, ribeirinhos, quilombolas, quebradeiras de coco babaçu, fundo e fecho de pasto, retireiros do Araguaia, vazanteiros, agricultores familiares, geraizeiros, sertanejos, barranqueiros, acampados, assentados e muitos outros.

Esses povos de cultura ancestral vivem em harmonia com o meio ambiente – tiram seu sustento, principalmente, da agricultura familiar, do artesanato e do extrativismo. São detentores de profundo conhecimento sobre a natureza e seus aspectos nutricionais e medicinais. Por essas características, os povos e comunidades do Cerrado atuam como verdadeiros guardiões da água e da biodiversidade.

Comunidades quilombolas

Estima-se que no Brasil existem mais de 3 mil comunidades quilombolas. No Cerrado, onde a disputa por terras para a produção de commodities (principalmente soja, eucalipto, gado e algodão) cresce a cada dia, a situação das comunidades quilombolas que aguardam a titulação de seus territórios é crítica.

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Quebradeiras de coco babaçu

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Assim como outros povos tradicionais, as quebradeiras de coco babaçu são parte dos Povos do Cerrado e também resistem e lutam pelo bioma. Essas mulheres, que são extrativistas, mães, esposas, avós, netas, donas de casa, trabalhadoras rurais, estão unidas e organizadas em torno de algo comum: protagonizar sua própria história, preservar seu modo de vida, resistir ao desmatamento e ao agronegócio e conquistar o direito de colher os frutos em propriedades particulares.

Vazanteiros

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Os vazanteiros assim são chamados porque a agricultura praticada por eles está associada aos ciclos dos rios. Assim eles se definem em sua Carta-Manifesto: “Chamam-nos de Vazanteiros porque a nossa agricultura está associada aos ciclos de enchente, cheia, vazante e seca do rio São Francisco. Somos um povo que vive em suas ilhas e barrancas, manejando suas ‘terras crescentes’, tirando o sustento da pesca, da agricultura, do extrativismo e da criação de animais.”. Os baixões, que correspondem às terras baixas, são os locais onde a terra é mais fértil e úmida e onde se dão os assentamentos dos povos. Além de morada, é lugar também de cultivo de legumes, verduras, frutas e pasto. Além disso, as vazantes e os brejos, com seus buritizais e babaçuais, garantem o sustento dos extrativistas, que também compõem essas comunidades.

As comunidades vazanteiras do Cerrado ocupam, sobretudo, as margens do Rio São Francisco e seus afluentes. O “Velho Chico”, que nasce em Minas Gerais e corta o país até chegar ao mar pelo estado de Alagoas, é considerado uma das principais fontes de desenvolvimento da região Nordeste, principalmente devido à sua importância para a agricultura.

Povos Indígenas

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No Cerrado, as populações mais antigas são os povos indígenas. Quando os colonizadores aqui chegaram, etnias como Xavantes, Krahôs, Xerentes, Xacriabás, Karajás, Avá-Canoeiros, entre outras, já ocupavam o Cerrado brasileiro e sobreviviam da caça e da coleta de alimentos.

Se, no passado, os indígenas enfrentaram um violento processo de colonização, atualmente eles enfrentam violentas tentativas de expulsão de suas terras – por meio de conflitos com fazendeiros e empresas – e correm o risco de perder os direitos conquistados com a Constituição de 1988. Esses povos tradicionais sempre respeitaram e defenderam a natureza, com profundo zelo e senso de pertencimento. Hoje, eles resistem para que seu modo de vida continue a existir.

Comunidades de fundo de pasto

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O pastoreio segue como base da subsistência de muita gente que vive na Caatinga e no Cerrado. Comunidades que, unidas por laços de compadrio e parentesco, usufruem de áreas sem cercamento de forma compartilhada. Esses pedaços de terra atrás das roças das famílias são chamados de fecho e fundos de pasto.

Nos fundos de pasto, os animais se alimentam da própria vegetação nativa. São alguns bovinos e ovelhas, mas principalmente cabras e bodes. A resistência às estiagens e a adaptação alimentar aos produtos da Caatinga e do Cerrado fazem deles os preferidos. Comunidades que se organizam em fundos de pasto estão presentes num amplo espectro da Região Nordeste – perpassando, por exemplo, Pernambuco e Piauí. É na Bahia, porém, onde tais grupos têm maior visibilidade.

Mulheres, Povos e comunidades, Sociobiodiversidade